Estou triste e envergonhada, como acredito que grande parte da população esteja hoje com o acidente do
vôo 3064 da
Tam, que matou cerca de 200 cidadãos. Cidadãos que votam; que pagam impostos e mesmo assim precisam pagar escola, plano de saúde, previdência privada; que têm família, filhos e amigos que neste momento devem estar chorando a sua falta. Ainda não se sabe o motivo principal para a queda da aeronave. O que todos nós sabemos é que há muito
Congonhas vem trazendo insegurança à população, por se localizar em uma área central de São Paulo. Que a pista principal do aeroporto é considerada pequena. Que, apesar das reformas implementadas pela
Infraero em função dos problemas de drenagem, a pista não tem ranhuras e continua escorregadia em dias de chuva. Que na segunda-feira, dia 16 de
julho, um avião da empresa Pantanal perdeu o controle na
aterrissagem. E que milhares de pessoas – ou melhor, vidas – transitam diariamente por este que é o aeroporto mais movimentado da América do Sul. Porém, hoje já vi notícias de autoridades supondo que a culpa seja do piloto, que infelizmente não tem mais o direito de se defender.
A crise aérea brasileira chegou ao seu limite. E dessa vez não será mais possível “relaxar e gozar”, como propôs a ministra do turismo, Marta
Suplicy. Aliás, essa possibilidade nunca existiu. Estamos vivendo uma era em que a negligência, a imprudência e o pouco caso com as nossas vidas permitem que engenheiros construam prédios com estrutura de areia (lembram do Sérgio
Naya e o seu
Palace 2?) e estações de
metrô que caem feito peças de dominó. Enquanto em outros lugares do mundo, o povo sofre com terremotos,
tsunamis e ondas de calor, no país do “levar vantagem”, assistimos incrédulos a uma
seqüência de tragédias que não vêm da natureza e, portanto, poderiam ser evitadas.
Como todos nós sabemos, a culpa nem sempre é do mordomo. À lista de vítimas do acidente com o avião da
Tam, acrescento o meu nome e o de todos nós brasileiros, que padecemos diariamente pela incompetência das nossas autoridades em gerir esse país abençoado por Deus e bonito por natureza.