O jeitinho brasileiro de contar

Nos últimos dias, perdi a conta de quantas vezes ouvi o nome do Romário. Jornais, Internet, rádio, tv. Toda a mídia está ávida para divulgar o que deveria ser o seu milésimo gol, feito até hoje conseguido apenas por Pelé. Na lista elaborada pelo jogador, no entanto, há vários gols emplacados quando ele ainda pertencia à categoria infantil. Sobre essa questão, li o artigo de Sérgio Xavier Filho, diretor de redação da Revista Placar, que expressa o que talvez seja o sentimento de poucos. (Quem quiser ler na íntegra, acesse http://placar.abril.com.br/novo/index_blogplacar.shtml). Romário tem direito de fazer a contagem que bem entender. Mas aos jornalistas confere o dever de verificar a veracidade e ratificar ou não esses dados. Não é justo com os nossos outros craques q o jornalismo esportivo brasileiro faça vistas grossas para essa falsa contagem. Será que o fato de estarmos acostumados ao jeitinho brasileiro, à impunidade, tem a ver com isso? Péssimo para a imagem do nosso país, que há muito está arranhada. Para completar a série de absurdos, Bruno, goleiro do Flamengo, defendeu no último domingo o que poderia ter sido o milésimo gol, pelas contas do baixinho. Pasmem, o arqueiro, no exercício do seu ofício, foi vaiado por sua própria torcida. Sérgio Xavier, em seu artigo, questiona: “Seremos nós os chatos?”. Eu me junto a esse pequeno grupo de chatos, que ainda acredita que goleiros servem para defender e jornalistas para buscar a verdade.