
Nuvem e Bastet vivem conosco há dois anos. Aprendemos, aos poucos, a dividir a casa com as bichanas. Ou será que ocorreu o contrário? Já não imaginamos assistir a um filme ou sentar em frente ao computador sem a serena companhia das duas.
Enfrentamos, porém, um grande problema que imagino não ser apenas nosso. Quando estamos longe de casa, a tecnologia não oferece recursos que nos ajudem a manter contato com as habitantes que miam. Não adianta enviar e-mails, telefonar ou mandar torpedos. Nem sequer outra pessoa nos substitui ou serve para amenizar a falta que elas sentem de nós. Mesmo se instalássemos câmeras pela casa, apenas poderíamos vigiá-las, mas elas não perceberiam nossa presença.
Ao girar a chave e abrir a porta, percebo um par de focinhos ávidos por algo que só eu ou o Duda podemos fornecer. Vejo rabos balançando, barrigas sendo expostas com um só objetivo. Só depois, é claro, de uma boa espreguiçada ou uma coçada na orelha, afinal estamos falando de gatas! Impossível não largar tudo para fazer carinho na dupla mais dengosa do pedaço. Brinco, converso e afofo bem os pelos de cada uma. Ouço um motorzinho avisando que está feliz com minha presença. Olhos se fecham e não escondem que esperaram ansiosamente por esse momento durante todo o dia.
A primeira conclusão a que chego é que a tecnologia pode diminuir distâncias, mas o contato direto continua sendo insubstituível. A segunda, modéstia à parte, é que sou a bolachinha mais recheada do pacote!