Sempre ouvi dizer que gatos têm sete vidas. Nem todos:
Bastet tinha apenas uma, que se foi no domingo, 28 de
março. Com ares de siamesa, não escondia os traços da mais pura
descendência vira-lata. Quando desmamada, a bichinha de 650 gramas veio morar
conosco. Mostrou os dentes na primeira manhã, demonstrando a
insatisfação em sair do aconchego de sua
mãezinha, que havia sido abandonada prenhe.
Adotamos a fera e enfrentamos a tarefa de conquistar aquela
personalidade forte. Aos poucos,
Bastet se deixou envolver. Carícias na barriga, só quando ela estava a fim. Mas, nesses momentos, fechava os olhinhos mostrando todo o prazer de estar em nossa companhia.
Nunca arranhou alguém por querer. A única vítima de suas garras foi sua fiel companheira Nuvem que, volta e meia, torrava sua paciência com brincadeiras que não lhe agradavam, como correr e saltar. Nuvem, aliás, também está sentindo sua falta.
É provável que
Bastet e seus irmãos, duas
ferinhas que também morreram pouco depois de terem sido vacinados, tivessem problemas
congênitos de saúde. O importante é que ganharam carinho, conforto e atenção de quem os acolheu.
Há um mês não desfrutamos da presença da
siamesinha vira-lata. Aguardo o momento em que a tristeza vá embora e fiquem só as boas lembranças. Sinto falta de suas longas sessões de carinho, do miado alto pedindo atenção, da terna companhia no sofá. Nossa casa perdeu uma ilustre moradora. O céu, com certeza, ganhou uma estrela a mais.